segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Na busca de minha Sofrônia

Sofrônia é a minha cidade preferida do livro As Cidades Invisíveis, de talo Calvino, do post anterior. O livro é minha primeira bibliografia para meu Trabalho Final de Graduação, com título inicial de O Cinema Itinerante. Depois de ler e me encantar com as cidades descritas no livro de calvino, tenho a dúvida: Apenas um Cinema, ou toda uma cidade itinerante? Estou pensando alto demais? Um cinema seria suficiente para mobilizar um local? Para fazê-lo existente? Para ser lembrado e contado?

Será que Sofrônia será a minha busca?

"A cidade de Sofrônia é composta de duas meias cidades. Na primeira, encontra-se a grande montanha-russa de ladeiras vertiginosas, o carrossel de raios formados por correntes, a roda-gigante com cabinas giratórias, o globo da morte com motociclistas de cabeça para baixo, a cúpula do circo com os trapézios amarrados no meio. A segunda meia cidade é de pedra e mármore e cimento, com o banco, as fábricas, os palácios, o matadouro, a escola e todo o resto. Uma das meia cidades é fixa, a outra é provisória e, quando termina a sua temporada, é desparafusada, desmontada e levada embora, transferida para os terrenos baldios de outra meia cidade.

Assim, todos os anos chega o dia em que os pedreiros destacam os frontões de mármore, desmoronam os muros de pedra, os pilares de cimento, desmontam o ministério, o munumento, as docas, a refinaria de petróleo, o hospital, carregam os guinchos para seguir de praça em praça o itinerário de todos os anos. Permanece a meia Sofrônia dos tiros-ao-alvo e dos carrosséis, com o grito suspenso do trenzinho da montanha-russa de ponta-cabeça, e começa-se a contar quantos meses, quantos dias se deverão esperar até que a caravana retorne e a vida inteira recomece."


lendo milhões de monografias...

Um comentário:

  1. belo texto ... belo começo!

    aguardo desdobramentos deste trabalho...

    abraço paulinha!

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