domingo, 11 de julho de 2010

A Teta Assustada


Quero deixar aqui algumas palavras embaraçadas dos sentimentos e percepções que tive após ver este filme.

A Teta Assustada não é um filme pornô, muito menos a continuação de "Não é mais um besteirol americano". Traduzido ao pé da letra do seu titulo original "La Teta Asustada", (um grande mérito brasileiro não ter embelezado o título como fez a industria americada que o traduziu para "the milk of sorrow") o longa da diretora peruana Claudia Llosa, conta a historia de Fausta, uma moça que sofre de uma doença folclórica, fruto de uma época difícil enfrentada pelo Peru e que é transmitida através do leite materno de mulheres que foram violadas durante a guerra civil no país.

Tenso como sua protagonista, o filme nos parece dizer o tempo todo "olha, esta história não é uma ficção" e consegue fazer isso muito bem quando intercala nos momentos tristes mas de leve beleza alguns aspectos culturais do país, como o casamento da prima de Fausta, um elemento de essencial contraste no filme. Contrastes que continuam, Claudia Llosa trabalha muito bem os opostos: timidez e extroversão, classe baixa e classe alta, cultura provinciana e cosmopolita, centro e periferia...Observe o contraste entre as ruas movimentadas do centro de Lima com o deserto de areia das comunidades periféricas, também veja como é lindo ver os jardins coloridos em meio tanto marrom. Claudia lhosa é singela ao nos incomodar.

Junto a isso, interessante perceber como a trilha sonora se encaixa como enredo e não como elemento adicional na construção de uma emoção. Créditos a bela atriz Magaly Solier e nas narrativas tremulamente cantadas ao longo do filme. A dor e o terror descritos com a leveza de uma cantiga de ciranda.

Belo e inquietante. Não consigo mais palavras que não esse texto nada linear.

Reverência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário