domingo, 29 de novembro de 2009

Um resumão - as lentes já estão mais nítidas

No meu último atendimento, minha orientadora me passou a tarefa de escrever a introdução da minha monografia, pois quem sabe, resumindo o meu desejo no trabalho, as coisas não poderiam ficar mais claras para mim. Eu fiz e de fato ficou. Então, posto aqui a minha introdução que, provavelmentte, terá modificações, mas que por enquanto, resume bem a idéia.

Introdução ou Seja Bem Vindo:

Em 1967, o diretor cubano Octavio Cortazar produziu um curta-metragem de 10 minutos que mostrava o trabalho de dois homens também cubanos que, equipados com um caminhão, um projetor 16mm e um gerador 2kW, viajaram por vilarejos remotos de Cuba exibindo sessões de cinema. O curta “Pela Primeira Vez” mostra a chegada desse trabalho no vilarejo de “Los Mulos” onde, em 12 de Abril de 1967, cerca de cem pessoas viram um filme pela primeira vez.

Atualmente, curtas como este de Cortazar – que mostram a chegada de instalações itinerantes culturais em localidades remotas - podem ser vistos facilmente em sites da internet. Apesar das diferenças sócio-econômico e culturais que distinguem cada país, a atualidade presente em “Pela Primeira Vez” nos atenta ao assunto ao percebermos que, de 1967 ao corrente ano de 2009, ainda existem pessoas, em diversos cantos do Brasil e do mundo que também nunca foram à um cinema. Em 2001, vários foram os jornais que divulgaram dados lançados pelo IBGE e que diziam ter o Brasil apenas 8% de seus municípios providos de um cinema. Assim, junto ao estigma atribuído à este meio cultural por aqueles que nunca o tiveram acesso, crescem os projetos culturais que buscam levar a exibição de filmes a estas pessoas, reconstruindo, mesmo com equipamentos aquém, o ambiente da sala de cinema. Tais projetos normalmente contam com uma estrutura bem simples. São compostos apenas pelo equipamento de projeção, uma tela, quando muito, cadeiras e coberturas, sendo normalmente sustentados por meio de patrocínios e/ou leis de incentivo municipais e estaduais.

Assim, a idéia de fazer um cinema itinerante como tema de trabalho final de graduação veio desses primeiros dados, das conseqüentes inquietações que fizeram compreender e amadurecer a idéia e da subjetividade menina-atriz, a qual é inerente a este trabalho e que também o caracterizará e o diferenciará dos outros trabalhos existentes ou que possam vir a existir neste mesmo tema. O trabalho, portanto, busca compreender, interpretar e transformar todos os dados - pré-existentes concretos e relativos/subjetivos - na busca da fundamentação para solução dos problemas pertinentes ao tema escolhido. É importante salientar que devido a peculiaridade itinerante do tema, a compilação das informações pré-existentes não envolve um entorno urbano específico e por isso este não pode ser analisado formalmente de antemão. As interpretações e relações formais urbanas, neste caso, acontecerão a posteriori, ou seja, na real viabilização do projeto. O que se busca aqui é um edifício, objeto de apropriação do espaço urbano e seus acontecimentos. O que não se busca é um edifício que determinará seu uso único, usuários únicos ou uma apropriação específica. Deve ser fruto do descontrole inerente ao espaço público, servindo apenas de suporte para o episódio proposto, neste caso, o cinema.

Na identificação das diretrizes de ordenação do trabalho, o conceito se apoiou em três principais pontos: o cinema e sua relação com o espaço urbano; o objeto arquitetônico como elemento de movimentação de um espaço; e a itinerância como pressuposto para busca das soluções técnicas.

O primeiro ponto, “o cinema e sua relação com o espaço urbano”, busca suprir a falta de informação de um entorno urbano específico, analisando assim, a relação do edifício de cinema com o espaço urbano público em geral, suas transformações, comparando seus diferentes momentos até o tempo atual. Uma reflexão que não adentra profundamente as informações históricas da atividade cinematográfica, mas segue enquanto subsídio que é de fato necessário para a conceituação da proposta.

O segundo ponto, “o objeto arquitetônico como elemento de movimentação de um espaço”, busca compreender uma relação de antemão observada - e apoiada principalmente na descrição de Calvino para a cidade de Sofrônia em “As Cidades Invisíveis”- entre o edifício/objeto provisório e a conseqüente agitação trazida consigo no local em que se encontra. Para isso, toma-se o circo e as cidades instantâneas do grupo archigram como referências de análise.

O terceiro ponto, “a itinerância como pressuposto para busca das soluções técnicas”, procura considerar as definições relativas às limitações, buscando a solução que melhor se adéqüe a flexibilidade intrínseca ao tema e também exigida pelo programa. São pesquisados aqui técnicas de construção, materiais e alternativas tecnológicas que ajudem na elaboração de um desenho que melhor responda as especificidades da proposta, tendo sempre em mente que recorrer à exclusão do problema é se conformar com a alternativa mais simples e fácil, e não a melhor e inovadora.

Por fim, o projeto apresentado como estudo preliminar, é fruto de uma reflexão pessoal, embasada em dados tanto conhecidos quanto imaginados e nas referências que surgiram nesse processo, tanto nessa primeira etapa de apresentação do trabalho como em todo o período de graduação. Não busca ser solução de um problema social, muito menos seguir definições saudosistas. É, sim, mais circunstancial do que ideal.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Desabafo de TFG! ..faltam menos de 2 meses

Ahhhhhhh, preciso desabafar! Aquela sensação de que tudo vai dar errado chegou. O significado ironico que alguns colegas interpretam a sigla TFG - como Transtorno Final de Graduação - parece fazer sentido agora.

Li um monte, pesquisei um monte, vi um monte de projeto, pensei um monte no meu..e agora? Como coloco isso tudo no papel. Essa não parecia uma tarefa tão dificil pra quem é acostumada a escrever (mesmo que baboseiras) em um blog.
Fazer os pontos de ligação, relacionar os conceitos, culminar tudo isso em projeto...Oh Ceus! Nao qro ser mais arquiteta....vou rumo ao meu movie star dream! To indo!

¬¬ desculpem, exagerei.

Eu sei q vai dar certo, pq no final tudo dá. To adorando pesqusar tudo, estou me encontrando cada vez mais na arquitetura..no trabalho com pequenas partes, a questão cenografica que tanto me atrai. Estou descobrindo novos gostos, experimentando o fazer projetual meio que atropelado nesses 5 anos de curso. Está sendo bom...é...está sendo.

O trabalho se introduz da mesma forma que se introduziu a mim, com fontes de daods sobre cinema. Os numeros, aqueles que demonstram o cinema no Brasil, que cresce em publico e diminue em salas. Que segrega qndo se localiza em shoppings centers, o edificio que perde a relação com a rua, com as experiencias urbanas, com a moça que vende doces, o pipoqueiro, as crianças que pedem balas, os conhecidos...as praças...os restaurantes, os semáforos, as buzinas, as luzes, a vida urbana.
O cinema no meu trabalho é relacionado com este espaço urbano, publico, a rua e sua agitação. Longe das historinhas de cinema, o projeto busca oq é necessário, e pra mim, é o local que trabalho (trabalhos enquanto arquitetos): a cidade.
Nesse aspecto, a estrutura itinerante no meu TFG relaciona o físico, concreto, o edifício-estrutura enquanto material de agitação e movimentação de um espaço, tendo assim, como principais pontos de marração, a essência da cidade como um conjunto de experimentações, mais do que sua estrutura física. Afinal, se não fosse a movimentação da cidade, as relações entre as pessoas, os serviços prestados umas as outras, a cidade não precisaria de uma estrutura física tão organizada. Será? Sei lá.

Continuando...

Dessa forma, pensando na estrutura itinerante enquanto movimentação de um espaço e de transformação de uma rotina pacata, que o meu projeto se apoiará. Para isso, tomo com referencia aquele texto que ja postei aqui de Calvino e a descrição da suas meias cidades que organizam Sofrônia: A meia cidade fixa e a meia cidade provisória. A base é que sofrônia somente se completa com a junção dessas duas meias cidades. A fixa, dos predios, pontes e torres, e a provisória, das montanhas russas, roda gigantes e carroséis. A meia cidade provisória traz a movimentação necessária a meia cidade fixa. A movimentação e as experiencias trazidas pelo descontrole da chegdaa da cidade provisória que traz para a cidade fixa aquilo de sua essência: as relações, os acontecimentos, o que provoca a lembrança, o que a desenvolve.

(desculpem pelas palavras jogadas embaraçosamente. É um retrato do embaraço da minha própria cabeça. justifico.)

Assim, tentando apreender melhor a relação da meia cidade provisória com a meia cidade fixa, estudo alguns trabalhos de arquitetura, estruturas reais (batidas) conhecidas, como o circo e o trabalho do grupo Archigram com seus projetos das "cidades instantaneas".

A teoria pausa aqui. Daqui pra frente, projeto, croqui, estrutura....."a hora de cortar o bolo" como diz minha orientadora Flávia. ( Oi Flávia...se vc estiver lendo isso daqui) Qndo as coisas se esclarecerem mais, dou um play na teoria dinovo.

Confesso que ao ver uma imagem bela como essa penso seriamente em desistir e deixar esse povo aí mesmo, na proteção de seus guarda-chuvinhas, o céu sobre suas cabeças e uma tela bem grande em frente...